Como um velho boiadeiro levando a boiada, ele vai tocando os dias pela longa estrada. Andando devagar porque já teve pressa e levando consigo só a certeza de que muito pouco sabe.
Para conhecer as manhas e as manhãs, ele, dois cavalos pantaneiros, dois burros e o sonho de encontrar o Pantanal e se encontrar nele vão percorrer a rota pioneira em uma cavalgada pelo Pantanal.
Um dos personagens que o Lado B teve a felicidade de encontrar na 5ª Cavalgada no Pantanal é o protagonista desta história. Em novembro ele passa a reviver o papel do pantaneiro já vivido e percorrido pelos seus ancestrais. Trineto de Nheco, que dá o nome à Nhecolândia, Luiz Otávio Barboza Carneiro, vai realizar o sonho de menino, aos 58 anos, de galopar por onde passaram os cavalos de seus bisa e trisavós. Sozinho, revivendo o Pantanal e descobrindo o que a interferência do tempo transformou.
“Depois que criei os filhos, eu passei muitos anos querendo fazer isso. Hoje, não tenho compromisso, eles estão tudo criado. Vou fazer meu sonho que é só de andar a cavalo”. Médico veterinário por formação e leiloeiro rural durante boa parte da vida, o amadurecimento e a aposentadoria lhe dão o fôlego para galopar.
A partida tem data. Dia 12 de novembro, mas a volta não. A cavalgada será dividida em duas partes, saindo da cidade Nossa Senhora do Livramento, no Pantanal mato-grossense até a Fazenda Firme, na Nhecolândia. Aí serão 45 dias, em média, para uma cavalgada estimada em 900 quilômetros.
O segundo trecho é saindo da Fazenda Firme até o Leilão Corixão. Restante que o ‘seo’ Luiz Otávio diz não poder contabilizar por conta dos desvios. É um dos motivos dele estar indo todo aparelhado com GPS que pode dar à família a localização exata e transcrever em números a experiência que a vida pantaneira lhe trouxer.
Quando ele falou da ideia, a família, claro, impôs restrições. Principalmente para os cuidados com a saúde. “Não tinha como falar não vai. Então tá. Mas vai se comunicando com a gente”, conta a filha Renata Carneiro, 28 anos.