"Existem 1.527 propriedades rurais em Agudos. Dessas, 1.200 têm menos de 20 hectares, a maioria tem cinco, seis hectares", detalha Augustinho Carlo Tremea, técnico da Emater-PR. Essa situação, dizem os agricultores, ainda hoje dificulta o acesso ao crédito para adquirir ao menos um trator para puxar cerca de 800 toneladas de folhas da lavoura ao galpão de secagem. "O cavalo faz, mas sofre", afirma Renato Neuri Gint, 37 anos, produtor de fumo no município.
Em seu sítio de três alqueires (pouco mais de sete hectares), ele plantou em 2009 50 mil pés de fumo. Está acabando de colher cinco mil quilos de folhas secas. Para todas as etapas, ele conta apenas com a ajuda da esposa, Juanita, do irmão Josmar e de três cavalos de grande porte, dois bretões e um percheron (ou percheirão, como dizem os agricultores), a raça atualmente mais usada pelos agricultores. "A vantagem do percheron é seu porte maior, mais alto, comprido e forte", explica o técnico Augustinho.
Cavalos tratores
Texto Clarice Couto
Fotos: Ernesto de Souza
Fonte: Revista Globo Rural
Reportagem publicada em 1985
Há 25 anos, quando a edição nº1 de Globo Rural chegava às bancas, agricultores de Agudos do Sul, PR, tinham no cavalo bretão sua única máquina de trabalho. O tempo passou, mas, por lá, pouco mudou
Barão, cavalo de 13 anos arrasta a jorra com fumo recém-colhido
Em "A santa batalha de Xarroco, um trator chamado cavalo", reportagem da primeira edição de Globo Rural, publicada em outubro de 1985, o repórter José Hamilton Ribeiro começava um bonito texto dedicado ao cavalo bretão relatando que, mesmo com tratores, arado a disco e outras inovações, muitos produtores do sul do Brasil ainda precisavam de animais daquela raça para realizar uma série de atividades rurais. Nos 25 anos seguintes, a mecanização alastrou-se por grandes, médias e pequenas propriedades, mas o que se viu no mês passado em Agudos do Sul, no sul do Paraná, onde José Hamilton havia apurado sua matéria, foram práticas que nem o rápido cavalgar da tecnologia fez cair em desuso.
Naquela época, os agricultores da localidade possuíam propriedades bem pequenas. Não valia a pena comprar um trator se um cavalo bretão, bem mais barato, dava conta de todas as tarefas do sítio: arar, carpir, gradear, puxar a carroça e até pulverizar a lavoura. O governo do estado havia comprado um puro-sangue e incumbido o produtor Helmut Hubel de cuidar do reprodutor, Xarroco, e atender aos proprietários que levavam suas eguinhas para ser cobertas. Pois hoje, os agricultores de Agudos do Sul e de uns quantos municípios do entorno continuam tendo em seus cavalos de raça sua principal "máquina" de trabalho.
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