Preservação estimulada
O Brasil comemora nesta quarta-feira o Dia Nacional da Conservação do Solo. No ano passado, numa série especial, o Globo Rural mostrou que em extrema e em Baependi, Minas Gerais, os agricultores são remunerados por boas práticas ambientais. Há outro exemplo de parceria de sucesso também em Minas: a preservação da Mata Atlântica.
O aposentado Octávio de Almeida mostrou com orgulho a mata que ocupa quase metade dos seis hectares de terra que herdou da família em Matias Barbosa. Ele foi o pioneiro do projeto que paga aos produtores para preservar a vegetação nativa.
O seu Otávio recebeu R$ 450,00 no ano passado. O dinheiro ajuda a cuidar do sítio que não tem renda própria. Esse é o lugar que o aposentado escolheu para descansar.
Na propriedade vizinha a renda foi bem maior. O produtor Hélio Domingos, que tira 220 litros de leite por dia, recebeu R$ 4.760,00 em 2008. Ele preserva 32 dos 105 hectares da fazenda, um número maior do que os 20% da reserva legal.
“Por causa da nascente de água que refresca o terreno. É bom para tudo, para a própria natureza”, disse seu Hélio.
Os produtores também ganham arame e mourão, para fazer cerca em volta da mata, e isca para formigas, formicida e mudas. O projeto é uma parceira do governo de Minas com um banco alemão.
Na zona da mata mineira o gerenciamento é feito por uma organização não-governamental que distribui os recursos aos produtores. “São selecionadas áreas que tenham potencial de recurso natural, como nascente, minas e córregos. Eles são selecionados mediante a importância que a área tem para um abastecimento de água, por exemplo”, explicou Theodoro Guerra, presidente da Associação do Meio Ambiente de Juiz de Fora.
Nove produtores recebem de R$ 140,00 a R$ 400,00 por hectare ao ano para preservar, recompor a mata ou plantar espécies nativas. Mais sete proprietários de terra serão beneficiados este ano para que a região se torne um corredor ecológico.
“A gente viu na prática que o incentivo sensibiliza muito mais o produtor do que a multa e o castigo. A gente sente que hoje eles sentem a mata mais deles e mais valorizada”, disse a agrônoma Ana Paula Mares Guia.
Estima-se que 93% da Mata Atlântica já foi devastada em todo o país.
Fonte: www.globoruraltv.globo.com
Edição de 15.04.2009