Projeto Balde Cheio II
Globo rural na TV
 
A segunda parte da reportagem sobre o projeto que está mudando o dia a dia de milhares de produtores de leite do Brasil explica como funciona esse trabalho numa pequena propriedade de Santa Catarina.
 
No oeste de Santa Catarina, fazenda grande é coisa rara. Entre colinas e araucárias, lavouras e casinhas coloridas, a paisagem é pontuada por sítios pequenos.
 
O seu Antônio Balzan produz leite numa propriedade de 17 hectares, que fica no município catarinense de São Lourenço do Oeste. Com ajuda da mulher, da cunhada e de dois filhos, sempre deu duro na lida com o rebanho. O problema é que até há alguns anos as vacas produziam pouco, o dinheiro andava curto e família vivia desanimada.
 
A virada começou em 2005, quando a família Balzan passou a receber visitas regulares da equipe do Projeto Balde Cheio. Os encontros ocorrem de quatro em quatro meses e contam obrigatoriamente com a presença do extensionista local.
 
"Nós tratamos cada propriedade como um mundo próprio. Nessa propriedade nós passamos um tempo longo, de três a quatro anos, transferindo essa tecnologia. Isso feito ao lado do extensionista”, disse Artur Chinelato de Camargo, agrônomo da Embrapa.
 
Primo Quinaglia Neto trabalha numa cooperativa local dando assistência técnica para os produtores. Formado em agronomia, ele conta que nunca tinha recebido uma formação específica na área de leite. "A minha visão técnica como extensionista mudou para melhor. Faltava conhecimento”, disse.
 
Graças a esse tipo de contato com a equipe da Embrapa, aos poucos, produtor e extensionista foram ganhando segurança para corrigir erros de manejo e implementar mudanças no sítio.
 
A primeira providência foi melhorar a alimentação das vacas. Antes do projeto, o rebanho ficava solto em áreas grandes, quase sem divisão. Vaca seca, em lactação, novilha e bezerra ficavam todos misturados num pasto comum.
 
Por recomendação da Embrapa, o pastão foi dividido em dezenas de piquetes menores e os animais entraram num esquema de rotação, ou seja, a cada 24 horas são levados para uma nova parcela, onde encontram pasto fresco. Além disso, o rebanho total, de 46 cabeças, foi dividido em três lotes.
 
Com o rebanho separado em lotes e o pasto dividido em piquetes, foi possível aproveitar a área do sítio de maneira mais racional. Os animais improdutivos ficaram nas parcelas de capim mais fraco. As vacas de baixa produção ficaram nas áreas médias. As vacas que dão mais leite passaram a comer as melhores pastagens, formadas principalmente com capim tifton 85.
 
Outra melhoria foi a instalação da irrigação. Nos períodos mais secos do ano, o capim ficava baixo, sem volume, e, muitas vezes, faltava comida para o gado.
 
Com orientação técnica e apoio da prefeitura local, o seu Antônio construiu um reservatório com capacidade para um milhão de litros de água. Além disso, o produtor começou a adubar regularmente as parcelas.
 

Com tantos cuidados, a pastagem se tornou mais bonita e volumosa, mesmo nos meses de seca.
 

O contato constante com a Embrapa também foi importante para corrigir outro erro grave de manejo. A família Balzan praticamente não descartava bezerras, machinhos ou novilhas. Segurava quase todos que nasciam no sítio. Com isso, o número de animais improdutivos acabava ficando muito maior do que o de vacas adultas, que trazem renda para o sítio.
 
Com orientação dos técnicos do projeto, a família Balzan passou a anotar as informações do dia a dia da propriedade. O controle rigoroso de dados se tornou rotina em todas as atividades do sítio.
 
A tarefa fica por conta dos irmãos Marcelo e Tiago, que têm 20 e 23 anos. Eles passaram a marcar datas de parição de cada vaca, sexo e número dos animais, a medir o ganho de peso dos bezerros.
 
Os rapazes também registram diariamente as temperaturas máximas e mínimas do sítio e acompanham com cuidado o volume de chuvas, medido num pluviômetro. As informações são úteis para fazer planejamento da irrigação e do manejo dos pastos ao longo do ano.
 
O controle de custos e receitas também virou regra. Venda de leite, compra de equipamento, despesa com ração e gasto com medicamento passaram a ser registrado nas planilhas. O planejamento também virou palavra de ordem no trabalho de reprodução.
 
Seguindo dicas do projeto, a família melhorou o aproveitamento da inseminação artificial. Os criadores passaram a programar as datas de inseminação. O objetivo é distribuir os partos de maneira mais equilibrada ao longo do ano. Com partos bem distribuídos, a produção de leite se torna mais regular.
 
A sanidade também é levada a sério. Qualquer propriedade que queira entrar no projeto é obrigada a fazer os exames de brucelose e tuberculose no rebanho. Os produtores também são orientados a seguir à risca o calendário de vacinação, que varia segundo a região do país.
 
Na ordenha há mais novidades. Para melhorar o ambiente e a qualidade do trabalho, a família construiu um fosso revestido com azulejos. A higiene cuidadosa dos tetos já fazia parte da rotina, assim como o uso de ordenhadeiras mecânicas. A dona Lurdes é irmã de seu Antônio. A dona Salete é a esposa dele.
 
"Eu, o Tiago e a Lourdes trabalhamos aqui dentro. O Marcelo fica no cocho”, falou a dona Salete.
 

Seguindo a nova filosofia de trabalho, Tiago passou a fazer o controle leiteiro. Primeiro, ele pesa o leite de cada vaca. Em seguida, anota os dados na planilha. “Eu faço esse controle uma vez a cada mês", disse.
 
À medida que vão saindo da sala ordenha as vacas recebem um pouco de cana picada e ração à base de farelos como de trigo, soja e milho. Também recebem uréia e sal mineral.
 
A formulação é a mesma para todo o lote. Só que as quantidades variam segundo o peso e a produtividade dos animais. Por recomendação do projeto, as vacas que dão mais leite passaram a receber um volume maior de ração do que as menos produtivas.
 
O resultado de tantas mudanças no sítio foi se tornando visível ordenha após ordenha. Antes do projeto a família Balzan produzia diariamente 150 litros de leite. Hoje, a mesma propriedade, com a mesma família, produz o triplo. São 450 litros por dia.
 
A produção vai toda para o novo resfriador da propriedade. Ele é maior e mais moderno do que o tanque anterior e foi comprado recentemente pela família.
 
Com melhor gestão e mais produção, propriedades como a da família Balzan cumprem ainda outro papel fundamental no Projeto Balde Cheio. Elas se tornam referência tanto para técnicos quanto para criadores, vindos de várias partes do país. Aliás, pelas regras do projeto todo sítio atendido deve estar aberto a visitas, cursos e palestras. É uma espécie de sala de aula ao ar livre.
 
O seu Solnei Bin acabou de entrar no projeto. "Traz bastante amadurecimento vendo o que o vizinho fez, da forma como ele fez e como ele está hoje”, disse.
 
"Isso tem um efeito diferente da palavra de um técnico. É o que a gente chama de difusão por inveja e funciona fantasticamente. Então, a difusão por inveja tem um efeito fantástico", falou Artur Chinelato de Camargo, agrônomo da Embrapa.
 
Para o seu Antônio, servir como referência ou até como modelo é motivo de orgulho. "Nunca passou na cabeça da nossa família que podia acontecer isso. O desânimo que a gente tinha não faz mais parte da nossa família. Não há preço que pague isso", avaliou.
 
A recuperação da auto-estima dos produtores é, segundo Artur, um dos resultados mais importantes do trabalho. "É isso que torna esse projeto apaixonante porque o centro dele são as pessoas. E o conhecimento vai libertar essas pessoas. Ele vai torná-los completamente diferentes. Esse conhecimento que é gerado pelas instituições de pesquisa, nas universidades e nas instituições precisa chegar ao produtor. Não são informações complicadas. São coisas simples, muito básicas para conseguir fazer com que ele mude o cenário e a perspectiva de futuro”, falou.
 
No caso concreto da família Balzan, o bom casamento entre pesquisa e extensão rural também trouxe mudanças para a qualidade de vida. Até há alguns anos, a situação financeira era tão complicada que a família, amargurada, pensava até em vender o sítio. Naquele tempo, o lucro da atividade leiteira não passava de cerca de R$ 230,00 por mês.
 
Hoje, com gestão profissional e aumento da produção, a renda disparou. Tirando todos os custos, o lucro do leite já passa de R$ 2,6 mil por mês e continua subindo.
 
"A gente comprou uma televisão maior. A gente comprou uma geladeira maior, um freezer, um guarda-roupa e uma moto para os filhos. Já da para sobrar um pouco e se vestir um pouco melhor", falou a dona Salete.
 
"A maior alegria da gente é ver a alegria da família em estar nessa atividade e trabalhar com amor. Hoje, a gente não sairia daqui por nada. É maravilho isso pra gente", comemora seu Antônio.
 
A produção cresceu, o dinheiro apareceu e a esperança voltou. Com apoio do projeto a família Balzan conseguiu sair da condição de pobreza e, assim como milhões de brasileiros nos últimos anos, entrou para a classe média. É uma classe média que vive e trabalha no campo tirando leite todo dia.
 
Além de dar treinamento para os produtores, o projeto já capacitou mais de 200 extensionistas pelo Brasil afora.
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