Eficiência produtiva: agora e sempre
Sebastião Teixeira Gomes
O elevado preço do leite recebido pelo produtor, atualmente, tem contribuído para encobrir ineficiências em alguns sistemas de produção. Modelos que não seriam viáveis numa situação de preços históricos, atualmente estão operando a todo vapor.
Para fazer "brotar" leite e aproveitar os preços favoráveis, alguns produtores têm exagerado no uso de concentrado e até de hormônios que estimulam a produção. Em alguns casos, a tecnologia adotada não tem sustentação no longo prazo.
É evidente que o produtor deve aproveitar os bons ventos que sopram, neste ano, na atividade leiteira, para compensar os maus momentos vividos no ano passado. Isto ninguém tem dúvida. A questão é que tanto no preço alto como no baixo, obtém maior rentabilidade quem for mais eficiente. Rentabilidade e eficiência são indicadores valiosos em qualquer época.
A rentabilidade, medida em porcentagem, é calculada pela divisão da renda bruta pelo custo de produção, subtraindo 1 e multiplicando-se por 100.
Exemplo:
Se a renda bruta fosse R$ 90,00 e o custo de produção, R$ 80,00, a rentabilidade seria 12,5%.
Diz-se que o produtor "A" será mais eficiente que o "B" quando, com a mesma quantidade de insumos utilizada por ambos, "A" produzir mais que "B", ou então, "A" conseguir a mesma produção de "B", com menor quantidade de insumos.
Na análise dos determinantes do aumento no preço do leite, neste ano, o mercado internacional tem posição de destaque. O maior crescimento da demanda externa, em relação à oferta, puxou para cima os preços de lácteos, em especial, do leite em pó. Tudo indica que a influência do mercado externo será crescente e continuada. Por isto, é importante o produtor considerar as tendências daquele mercado no planejamento de sua atividade.
No mercado internacional, especialistas projetam nos próximos anos aumentos nas demandas de milho e soja, para atender à produção de combustível. Tal projeção implicará aumentos nos preços destes grãos e, por conseqüência, aumentos no custo de produção de leite. Diante dessas tendências, é recomendável que o produtor invista, agora, na produção de volumosos, em quantidade e qualidade, como estratégia para reduzir a utilização de concentrados e, por conseqüência, o custo de produção. Quem adotar tal procedimento será mais eficiente e terá maior rentabilidade.
Sebastião Teixeira Gomes
Professor Titular da Universidade Federal de Viçosa